Passei muito tempo sem ouvir o álbum do Coldplay de 2008 (Viva La Vida Or Death And All His Friends). Escutá-lo hoje me causa uma felicidade estranha, principalmente a versão acústica de Lost.
O sentimento cá dentro de mim se opõe ao tom lúgubre desta música. Ouvi-la é ser transportado para um ambiente interior de serenidade e alegria benfazeja.
É como se assistisse meu próprio clipe: com as mãos no bolso e cabisbaixo sigo andando por uma longa alameda. A câmera focaliza as folhas secas sendo levadas por um vento frio de uma tarde cinzenta. Após esse quadro, apareço balbuciando a música, com um fervor de uma beata que, ao desbulhar seu terço, insiste em ter pecados.
Sigo caminhando, desta vez com os olhos cerrados e submerso no meu universo de inebriante êxtase. A câmera então dá um super zoom e entra dentro da minha cabeça. Aí os “flashs” comem solto, seguindo uma cronologia de fatos relevantes dos últimos 22 meses. Acontece que no refrão todas essas imagens são reduzidas a pó num efeito especial fantástico, surgindo, pois, este protagonista com os braços erguidos e entoando a canção como que proclamando o Armagedom de forma dramática e espetacular. Coisas tremendas acontecem ao redor. Cada movimento meu é anunciado por trovões e faíscas. Os céus se abrem e minh'alma se desprende do corpo numa explosão supra terrena de resplandecente luz. Enquanto Chris Martin faz um solo no piano, a alma encontra Deus face a face, no meio de uma grande nuvem de santos e anjos com trombeta, a voar e a cantar. Há, então, uma eloqüente troca de impressões entre Deus e a alma, num dueto que durará até o fim da ultima estrofe. Tudo isso pontilhado por terremotos, eclipses do sol e da lua, e explosões de bombas supersubstanciais. No fim, a alma numa graciosa pirueta retorna ao corpo e acabo por descobrir que estou rodeado de curiosos e vários jornalistas cheio de admiração, inclusive um ou dois a tomarem suas notas na previsão de algum futuro processo de canonização.
O sentimento cá dentro de mim se opõe ao tom lúgubre desta música. Ouvi-la é ser transportado para um ambiente interior de serenidade e alegria benfazeja.
É como se assistisse meu próprio clipe: com as mãos no bolso e cabisbaixo sigo andando por uma longa alameda. A câmera focaliza as folhas secas sendo levadas por um vento frio de uma tarde cinzenta. Após esse quadro, apareço balbuciando a música, com um fervor de uma beata que, ao desbulhar seu terço, insiste em ter pecados.
Sigo caminhando, desta vez com os olhos cerrados e submerso no meu universo de inebriante êxtase. A câmera então dá um super zoom e entra dentro da minha cabeça. Aí os “flashs” comem solto, seguindo uma cronologia de fatos relevantes dos últimos 22 meses. Acontece que no refrão todas essas imagens são reduzidas a pó num efeito especial fantástico, surgindo, pois, este protagonista com os braços erguidos e entoando a canção como que proclamando o Armagedom de forma dramática e espetacular. Coisas tremendas acontecem ao redor. Cada movimento meu é anunciado por trovões e faíscas. Os céus se abrem e minh'alma se desprende do corpo numa explosão supra terrena de resplandecente luz. Enquanto Chris Martin faz um solo no piano, a alma encontra Deus face a face, no meio de uma grande nuvem de santos e anjos com trombeta, a voar e a cantar. Há, então, uma eloqüente troca de impressões entre Deus e a alma, num dueto que durará até o fim da ultima estrofe. Tudo isso pontilhado por terremotos, eclipses do sol e da lua, e explosões de bombas supersubstanciais. No fim, a alma numa graciosa pirueta retorna ao corpo e acabo por descobrir que estou rodeado de curiosos e vários jornalistas cheio de admiração, inclusive um ou dois a tomarem suas notas na previsão de algum futuro processo de canonização.
(Publicado na Folha de São Paulo em 15 de junho de 2010)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
algo a comentar?