O Sertão de verso trará – aqui e acolá – trechos incandescentes de alguns clássicos da literatura inter|nacional que por ventura tenha passado, ou esteja passando, pelas invertidas retinas deste escriba. A série herda do Arapuá – trigona spinipes, espécie de abelha preta – sua peculiaridade mais ditosa: a teimosia de sempre partir de encontro às nossas madeixas, se enlinhando nos fios, enquanto seu zunido vai nos deixando loucos, além de aperriados, até que venham ser esmagadas, pondo fim, na maioria das vezes, a sua existência nesta terra.
O que aqui se pretende divulgar são simples mentes, autores que despacham de seus consultórios mil e um psicotrópicos da alma, trechos ígneos que provocam revolução e que não saem fácil da cabeça, a la arapuá. Além desta divulgação, outra pretensão do macambúzio que aqui escreve épleitear para si um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU ser o arauto que anuncia possibilidades experênciais epidermicas, subcutâneas ou, quiçá, medulares.
Feita esta solene introdução, vamos ao trecho de estreia, que sai do início da 2ª parte do Assim falava Zaraustra, quando o profeta, após meses e anos de total solidão, resolve voltar ao convívio dos seus amigos/inimigos, acreditando poder dar a eles o que tem de mais caro: sua doutrina.
Eis a sabedoria selvagem de Friedrich Nietzsche. Eis um verdadeiro monólogo arapuado:
O que aqui se pretende divulgar são simples mentes, autores que despacham de seus consultórios mil e um psicotrópicos da alma, trechos ígneos que provocam revolução e que não saem fácil da cabeça, a la arapuá. Além desta divulgação, outra pretensão do macambúzio que aqui escreve é
Feita esta solene introdução, vamos ao trecho de estreia, que sai do início da 2ª parte do Assim falava Zaraustra, quando o profeta, após meses e anos de total solidão, resolve voltar ao convívio dos seus amigos/inimigos, acreditando poder dar a eles o que tem de mais caro: sua doutrina.
Eis a sabedoria selvagem de Friedrich Nietzsche. Eis um verdadeiro monólogo arapuado:
“O meu impaciente amor transborda em torrentes, para o nascente e para o poente. Até minha alma se agita nos vales, abandonando os montes silenciosos e as tempestades da dor.
Demasiado tempo sofri e por muito tempo estive olhando para lugares distantes. Por demasiado tempo pertenci à solidão. Agora esqueci o silêncio.
Tornei-me todo inteiro boca e estrondo de um rio que desce de elevadas rochas. Quero precipitar minhas palavras nos vales.
A torrente de meu amor poderia muito bem se chocar com obstáculos intransponíveis! Como uma torrente não encontraria enfim o caminho do mar?
Sem dúvida há um lago em mim, um lago solitário que se basta em si mesmo. Mas minha torrente de amor o arrasta consigo para a planície, para o mar.
Caminho por novas sendas e encontro uma linguagem nova. Como todos os criadores, cansei-me das velhas línguas. Meu espírito já não quer mais seguir com sandálias gastas.
Lento demais é para mim o curso de todo discurso. Salto para teu carro, tempestade! E a ti também quero fustigar com minha malícia!
Quero viajar por vastos mares como um grito e como um clamor de alegria, até encontrar as ilhas Afortunadas onde moram meus amigos. E, entre eles, meus inimigos! Como agora os amo a todos, contanto que tenha o direito de lhes falar! Meus próprios inimigos fazem parte da minha felicidade.”
Adorei a solenidade da introdução, adorei a analogia com o Arapuá, dorei o 'ígneo' e outras palavras desconhecidas do meu modesto vocabulário!Gostei do perturbador Nietzsche (o cara de quem eu tenho que copiar e colar o nome complicado)
ResponderExcluirÓ. ..Nietzsche a conta-gotas! Parcimônia bem-vinda... Ass. Cristina Almeida
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